05/10/2010

Por que eu voto nulo! Por Daniel Fagundes

Cansado dos apelos mídiaticos, panfletos, outdoors, cartazes, conversas de boteco, etc... Eu me vejo vire e mexe tendo que prestar contas do por que voto nulo. E essa divagação é minha tentativa de explicar de forma clara meus motivos. Mas antes disso quero expor as defesas que mais escuto sobre o "poder transformador do voto". Até para que não pareça que quero fazer apologia ao voto nulo, como se só isso bastasse, então vejamos a defesa para que o réu possa posteriormente se colocar.




Primeira fase do discursso:

-Quem cala consente, se você não vota no menos pior legitima o pior de todos, não?



Segunda fase:

-Como assim pessoas morreram na ditadura para que você tivesse o direito de votar e você simplesmente renega esse direito?



Terceira fase:

-Você é desses vanguardistas que acham que a sociedade vai mudar de um dia pro outro não é? Se não for pela política será como?





Pois é, esses são os discurssos mais recorrentes na tentativa de me fazer votar num canditado X ou Y. Já começa errado né. Oh costume maldito de jogar as mazelas do mundo pro indivíduo. Como se um super candidato fosse entrar no covil dos vilões do poder público e salvar à todos. Isso me remete uma frase de Brecht "Pobre do país que precisa de heróis". E é por aí que as coisas degringolam. Pois a minha angústia em votar em qualquer um dos candidatos que temos para votar é saber que o modelo não permite que as ações individuais sejam transformadoras. Melhorou, sim melhorou, mas por que será que melhorou? Foi o Lula nosso "presidente do povo"? Não, ele pode até ter feito bons projetos, mas de fato a transformação não é mérito desse indivíduo, até por que sabemos que sozinho ninguém constrói nada. E o projeto político dos últimos 8 anos foi uma construção coletiva, que inclusive passou por coligações com a direita mais conservadora do país. E ainda que melhor continua me desagradando. Mas o problema é muito maior que esta constatação, vejo que boa parte dos panfletários que insistem em me fazer votar no seu candidato levantam a bandeira do menos pior, aquele que entrará nas brechas do sistema e mudará a cara da política nacional. Pois para essa questão uso uma metáfora. Alguém já viu alguma pessoa entrar num daqueles córregos extremamente poluídos que toda quebrada tem, com pneus, sofá, merda pra todo lado, já viu? Já viu alguém entrar nesse lugar e derepente a água ficar limpa? Pois é, o contrário é o que mais acontece, o cara saí uma merda completa. Continuando a metáfora do corrego. Para que ele fique limpo precisamos por mais alguém ou alguma coisa lá dentro, ou precisamos insitar as pessoas a parar de jogar coisas na água?

O modelo político atual é uma farsa democratica. De primeira já se constata isso pelo tempo que é dado para a apresentação de propostas aos diferentes candidatos. Temos hoje praticamente 40% do tempo da propaganda politica destinada a 2 politicos privilegiado$ $e é que me entende... Democracia mandada pelo poder financeiro de um ou outro, tão desigual como toda a estrutura desse capitalismo selvagem. Poderia dizer que existem alguns candidatos coerentes, com discursos relevantes e tudo mais, porém como já disse anteriormente ninguém trabalha sozinho e muitos dos mais relevantes politicos não possuem base governamental, e seriam facilmente engolidos pelo corum da oposição. E para que tenham esse montante aliado só se compactuarem com as mesmas práticas nogentas dos candidatos mais eleitos, que passam por campanham super poluídas visualmente e ambientalmente, coligações com partidos e empresas da pior estirpe e discursos populistas e totalizantes. Ou seja para que esses caras sejam eleitos eles tem de deixar de serem quem são e assim sendo, não faz diferente alguma votar em um ou outro. além do mais não quero ninguém pra humanizar esse modelo economico vigente. quero mesmo é ver a massa na rua ciente de que pode viver melhor, por suas próprias ações e convicções. Essa é a política que acredito. a politica de rua, de vida, do olho no olho. Da prática social.

Outra questão que me pega é a confiança na urna eletrônica que o TSE nos quer fazer ter. Desculpe, mas o fato de termos tornado o processo de eleição em um processo digital é a meu ver mais inseguro do que foi antes. Pois é mais maquiado e obscuro. Me diz, você conhece alguém que trabalha na apuração de votos eletrônicos hoje em dia? Não né, pois eu também não, mas eu conheci pessoas que trabalhavam nas eleições na época da cédula de papel, contrário de hoje, onde tudo é muito maquiado e já apontou problemas sérios, como no caso do processo que ocorreu em 2006 nas eleições estaduais do Alagoas, onde 22mil votos simplesmente não foram computados nas benditas urnas eletronicas e ficou tudo por isso mesmo (saiba mais no link:http://softwarelivre.org/samuelcersosimo/blog/urna-eletronica-fraude-e-jurisprudencia-do-tse). O próprio governo engana a população, vi esses dias uma propaganda da justiça eleitoral que me deixou injuriado na TV. Primeiro por que o apresentador é um comediante, segundo por que fala do voto como se o nulo fosse como o branco e como se a pessoa estivesse se abstendo de seu papel quanto cidadão consciente. Que piada sem graça não? Porra os caras colocam um comediante pra ludibriar o povo representando a justiça eleitoral e eu é que sou inconsciente?! Se não bastassem o time de piadistas e artistas falidos que compõe a gama de candidatos pra votar eu ainda tenho que ouvir explicações do governo através de um humorista globalzinho tosco. Política é coisa séria por mais chavão que isso tenha parecido, é coisa séria e deve ser feita na rua, na luta. Na transformação de nossas comunidades e de seus membros, pois independente de quem esteja no "governo" temos o poder e o dever de cobrar qualidade de vida, pois independente de acreditarmos nesse sistema, pagamos impostos, então que sejamos criticos e ativos em nossa cotidianidade, pois isso é o que vai transformar de fato a sociedade!
 
Por: Daniel Fagundes
Disponível no blog:http://ncanarede.blogspot.com/

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