12/07/2009

MEU CABELO QUEREM ZERO



por te-lo e por ser belo

o cabelo

querem zero ou prende-lo

eu não quero

e o barbeiro amarela

na dele naquelas

sem atitude sem negritude

o branquela

não entende crespitude

racismo é engodo e seqüela

engorda os de lá

e os de cá esfarela

zelo o crespo com fulgor

negro zela com amor

para entendê-lo

berro, querela enterro

aquela falsa abolição

exijo mais pente afro

menos ferro, menos favela

mais terra e condição

o duro não é o cabelo

são as escolas e suas deixas

o sistema e suas brechas

o crespo é toda uma vida

quando livre suas madeixas

o cabelo por ser belo

ela fere ele ferra

a gente trata

tipo Fera

zera desmata

descarta e destrata

o crespo na sincera

os policiais querem guerra

prende e mata

sempre voraz

por ser belo o belo vai pondo

em minha cachola

os tiro e atola

os crime hediondo

supondo desbravar

guerrilhas e quilombos

orgulho negro é calombo

insulta o pais,

ai contamos os tombos

as estatísticas diz

conta pela cota,

Rotulo pela rota

Um a menos na facu

Mais uma vitima morta

duro é genocídio na birosca

Tombamos feito mosca

Não o crespo de mulher negra

Que ao natural sem regra

meu coração se enrosca

Por ser dread meu cabelo

Vem na minha ao vê-lo

O playboy não se continha

quer farinha quer maconha quer balinha

a patricinha confundiu-me com trafico

com furto, pela pele pelo cabelo

compreende-los como! Eu puto

nem tento, nem curto

chapo, mais nesse atento não surto

se apresento proposta a cata de crime mesmo puto

elas sorta porque gosta de um rata e gosta muito

de dia eu sou o feio sujo infeliz

suportando a cadeia de olhares hostis

pela pele é mole, duro não é o cabelo

eles são pavios tão acesos

quando não violentados

quando não presos

que enriquecem nossos olhares

tão vazios

Por ser crespo e por ser bela

Ela meu alicerce eu dependente dela

Não alisa, roube a brisa e firme o elo

Mulher preta e o cabelo sem duelo

Eu sei da treta sei, não resenho

É que o desenho, que nos desenham

Sempre feio sempre empenham

Que as pretas sempre tenham

Queixas pelas madeixas

Mais se encrespalo eu acasalo

Ou endredalo eternizo caso

Caso contrario entristeço adoeço

Sem sorriso vaso

Quero ela pra mante-lo passá-lo

o cabelo enraizalo e te-lo em outra geração

sempre macios os fios

tranças-labirintos fuga dos retintos

da opressão

que duro não é o cabelo

é o sistema e não alisa

quebra na emenda

juro entenda a persistência

do cabelo de mante-lo

crespo na essência

é orgulho político e resistência


Por: Akins Kinte

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