17/02/2010

Lá bem no fundo de Mim

Fosse adeus ou até logo
toda partida era aborto.
E parto...
Eu, dando à luz a louca
que me delicia
e mata...
Eu, a janela
a porta
o parto
A curiosidade
que transforma.
Em toda partida
morri um pouco.
Afogada nos sorrisos
banhados em lágrimas,
apartei e apertei corações,
desatei e atei laços...
Toda partida me repartia
em desiguais pedaços
houvesse, ou não,
a estação
os beijos
os abraços...
Partia
e me repartia
na saudade
que me consumia...
antes mesmo
do tempo de sentir
saudade.
Partia e partia-me
no repartir sacrifícios
Sem avaliar
princípios ou fins,
dividia-me
entre o fim e o princípio.
Misturava tintas
de cores pálidas
sem qualquer talento
para combiná-las
Transparecia!?
Eu e minhas artes
Mulher-devaneio,
praga,
tentando encaixar a vida
Madeira-de-dar-em-doido
Partia
para renascer,
preparar-me,
e partir, de novo...
E às vezes penso
que partia e parto
porque, ainda que haja dor
partir nunca foi o último
e, sim, o primeiro ato
do espetáculo que desafio.
Entre partidas
e chegadas
desenho cenários
ensaios
crio castelos
de areia...
de madeira...
E vou indo
indo
cultivando infinitos
dentro de Mim...
Eu
aprendendo o mel
e o fel
deste meu hemisfério,
e assim, quem sabe?
desvendando o mistério
que me habita no universo
Cedo ou tarde,
(tomara, bem mais tarde)
a indesejada linha de chegada...
que é partida,
e que não se reparte.
O inevitável encontro
Eu
em Mim
comigo mesma.

Ps: Teatro Mágico pirou minha mente.

3 comentários:

  1. Belíssima poesia, muito louca, bem escrita, show!
    Grande abraço e sucesso!

    ResponderExcluir
  2. Anônimo3/3/10

    Como tira essa gosto da boca?Esse cheiro??as lembranças??
    pra onde vou assim, carregada de uma coisa que não quererm mais??
    como saiu do meu corpo, como me separo de mim ..pra tentar esquecer...
    Não há remédio...oração.....macumba...
    Minha guias nada podem fazer...Orixas olham pra mim e nadam fazem...ai pra onde correr??

    ResponderExcluir

...é só comentar...